terça-feira, 23 de agosto de 2011

A DOUTRINA DO CHOQUE - O desastre da política externa norte-americana - O que nós temos a ver com isso? Veeeeeja.

A "Doutrina do Choque" ("The Shock Doctrine"), com legenda em português de Alcides Santos, é um documentário de 01:18:38h, apresentando uma investigação ao "capitalismo do desastre", com base na proposição da jornalista canadense Naomi Klein, em que o capitalismo neo-liberal alimenta-se de desastres naturais, guerra e terror para definir a sua posição dominante. No livro, Klein associa o uso de técnicas desumanas de choque desenvolvidas para o tratamento de doentes mentais nos anos 1940 com a aplicação de medidas econômicas e políticas impopulares após grandes choques sociais - medidas que estão no cerne da economia neoliberal.

Alfonso Cuarón, cineasta mexicano, resolveu produzir o curta-metragem depois que Klein lhe enviou o texto esperando por um comentário ou prefácio depois de ter assistido o trabalho mais recente do diretor, o genial - e subestimado - "Filhos da Esperança", de 2006.

Talvez o primeiro ato de resistência é negar-se a permitir que a nossa memória coletiva seja apagada. Nas experiências de Ewen Cameron, segundo depoimento de uma das sobreviventes, queriam apagar o passado, por isso aplicavam choques elétricos. Todo o passado do paciente, e, assim, implantar-lhe ideias novas.

Enquanto se procurava implementar a política de choque econômico, aprendemos a cerca do mal. Demorou 30 anos para que a experiência econômica provada originalmente por Pinochet desse a volta ao mundo e chegasse ao Iraque; mas as semelhanças entre o passado e o presente são impressionantes: Entre os campos de concentração de Pinochet e o Centro de Detenção em Guantánamo, da administração Bush, entre os desaparecidos no Chile e os do Iraque, entre as experiências de Ewen Cameron e a tortura imposta aos detidos em Abu Ghraib.

Vejam no documentário as figuras atuais de sempre aparecendo em cena, como Donald Rumsfeld, Alan Greenspan, ex presidente da Reserva Federal dos E. E. U. U., George Bush, Condoleezza Rice, Margareth Thatcher e outras.

A ideia é LUCRAR COM A GUERRA

A guerra no Iraque é a guerra mais privatizada da história moderna. A zona segura de Bagdad é uma versão extrema do que está sucedendo em todo o mundo: Um mundo privatizado, seguro, protegido do caos exterior.
Em 1991 na Guerra do Golfo, para cada 100 soldados havia um mercenário. Em 2003 quando começou a Guerra no Iraque, para cada 100 soldados havia 10 mercenários. Em 2006, para cada 100 soldados havia 33 mercenários. Um ano mais tarde, para cada 100 soldados havia 70 mercenários. Em julho de 2007 havia no Iraque mais mercenários do que soldados.

Dentro do seu desespero, mas com muita lucidez, um cidadão iraquiano clama que "Queremos trabalho!", "Hey America, abaixo Bush!", "Esta manifestação é contra o terrorismo, o terrorismo dos Estados Unidos!", "os estadunidenses prendem e matam mulheres e crianças, insultam as pessoas mais velhas e assassinam os jovens.
John Agreste, diretor de reconstrução da educação superior no Iraque disse que viu o saque das escolas como uma "oportunidade para começar do zero". No entanto, antes que impusessem sanções, o Iraque tinha o melhor sistema educativo da região; 89% dos iraquianos sabiam ler e escrever. Em contraste, no Novo México, o estado natal de John Agreste, 46% da população era
analfabeta funcional.

O Iraque recebeu três diferentes tipos de choque, os quais atuando em conjunto se reforçavam uns aos outros: o choque da guerra, seguido imediatamente pela terapia de choque econômico, imposta por Paul Bremer e como a resistência a esta transformação econômica, esse veloz choque econômico cresceu, tivemos o choque da "Execução", incluindo assim a tortura.

Quando o furacão Katrina golpeou Nova Orleans em agosto de 2005, o mundo surpreendeu-se ao ser testemunha de uma espécie de "apartheid do desastre". Os que tinham comodidade econômica dirigiram-se para fora da cidade enquanto dezenas de milhares de pobres eram abandonados com pouca ou nenhuma ajuda por parte do Estado.

Tanto após uma guerra, quanto após um grande desastre natural, como o furacão Katrina em agosto de 2005, volto a repetir, como o tsunami no Sri Lanka em 26 de dezembro de 2004, as pessoas que tinham vivido nas praia durante gerações foi-lhes impedido de regressar a fim de que a terra se pudesse privatizar e vender para a construção de hotéis de luxo.

Essa é a "Doutrina do Choque": o saque sistemático da esfera pública após um desastre. Quando a população está demasiado focada na emergência, nas suas preocupações diária, para proteger seus interesses.

Apesar da retórica populista acerca de agarrar os peixes gordos para proteger os débeis e salvar a economia real, em vez de Wall Street, estamos assistindo a uma transferência de riqueza de tamanho incomensurável. Trata-se de uma transferência de riqueza desde mãos públicas, desde as mãos do governo, recolhida de gente comum, através de impostos, para as mãos dos
indivíduos e empresas mais ricas do mundo, ou seja, as mesmas pessoas e empresas que criaram essas crises.

Esta crise está estendida por quase todo o mundo COMO RESULTADO DIRETO DA PARTICULAR IDEOLOGIA QUE CRÊ NA DESREGULAÇÃO E NA PRIVATIZAÇÃO.
A "Doutrina do Choque" depende do nosso desconhecimento acerca dela, para que possa ter êxito. O que dá esperanças na crise econômica atual é que esta tática está a se cansar porque o elemento surpresa já não existe e se estivermos vigilantes, então já não funciona. Estamos a nos tornar resistentes ao choque.

"A ÚNICA COISA QUE DEVEMOS TEMER É O PRÓPRIO MEDO"!

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