Alarmada e mobilizada pela tendência aparentemente irrefreável de um futuro cada vez menos católico, a hierarquia eclesiástica vem investindo mundos e fundos para tentar conquistar os jovens.
Algo crucial para assegurar sua reprodução institucional num contexto pluralista e de liberdade no qual a pertença religiosa tornou-se questão de livre escolha individual. Crucial ainda porque é entre os com menos de 40 anos que a Igreja Católica mais perde terreno no Brasil.
Esforços para reverter tal situação não faltam. A 49ª Assembleia Geral da CNBB criou a Comissão Episcopal Pastoral para a Juventude. O tema da campanha da Fraternidade de 2013 será a juventude. E a 28ª Jornada Mundial da Juventude ocorrerá no Rio, não por acaso o Estado com o menor percentual de católicos (45,8%) e ponta de lança do movimento de pluralização religiosa e de aumento dos sem religião no país.
"Ide e fazei discípulos entre todas as nações!", eis o lema da Jornada, que não poderia ser mais explícito quanto à atitude que pretende estimular: a evangelização. Seu principal difusor é o papa.
O pontífice quer mais seguidores jovens militantes e doutrinária e moralmente virtuosos. Quer um séquito religiosamente qualificado e ainda mais numeroso. E quer robustecer a Igreja Católica frente aos desafios impostos pelo avanço do pluralismo religioso e cultural. Quereres reativos que tendem a levar ao recrudescimento do conservadorismo religioso e moral, à formação de uma subcultura religiosa sectária e à intensificação do ativismo político de motivação religiosa.
É fato que, ao mesmo tempo em que diluem as bases tradicionais de pertença religiosa, a liberdade religiosa, o pluralismo e a secularização abrem espaço para projetos religiosos de viés conservador e fundamentalista. A opção conservadora, porém, tem de enfrentar a crise de credibilidade da Igreja. Metido nessa sinuca, o papa parece visualizar só duas saídas: ou se mergulha de cabeça na opção conservadora e sectária ou se cai na irrelevância.
RICARDO MARIANO é sociólogo da PUC-RS