segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Filme - Debate: As Hiper Mulheres (2011)

Quarta-feira, 30 de outubro. 19h.Anfiteatro Bento Prado Júnior, Área Norte, UFSCar.Com Takumã Kuikuro (diretor do filme junto com Carlos Fausto e Leonardo Sette)

O Filme 
Temendo a morte da esposa idosa, um velho pede que seu sobrinho realize o Jamurikumalu, o maior ritual feminino do Alto Xingu (MT), para que ela possa cantar uma última vez. As mulheres do grupo começam os ensaios, enquanto a única cantora que de fato sabe todas as músicas se encontra gravemente doente.
“Buscamos fazer um filme o menos etnográfico e hipercontextualizado possível”, disse Carlos Fausto, antropólogo e codiretor do projeto. “Nosso interesse era falar sobre música, memória e transmissão de conhecimento através do afeto e das relações familiares”.
Diretores: Carlos Fausto - Leonardo Sette- Takumã Kuikuro      
Carta Capital – Por que é importante ver o filme, além de tudo, em meio a essa crise da questão indígena?
Carlos Fausto – Acho que ver o filme independe da crise. Ele vale, e esse sempre foi nosso intuito, como cinema e deveria atrair a todos que tem a sensibilidade para ver filmes menos lugar-comum. Agora, é óbvio que, neste contexto, ele ganha uma outra camada de significações. É, se não me engano, o primeiro filme de produção compartilhada com indígenas (um dos diretores é Takumã Kuikuro) que entra em cartaz. Isso não é pouco. Mostra como um trabalho sensível, cuidadoso, de longo diálogo e envolvimento com uma comunidade indígena conduz a uma sinergia positiva, uma troca em que ambas as partes têm a ganhar. Esse envolvimento requer a capacidade de escuta de parte a parte. E é justamente a capacidade para ouvir as reivindicações dos índios, o que falta neste momento. A crise até tardou a acontecer. Os índios chegaram a um limite de humilhação, humilhação hoje imposta também pelo governo federal, que sempre serviu como anteparo para minimizar os conflitos locais. Uma palavra anti-indígena de um ministro é entendida nos locais de conflito como uma licença para matar.
Carta Capital – O que pode esperar do filme o espectador que quer saber mais do universo indígena que esta sendo tão atacado?
Carlos Fausto – O filme não quer ensinar, nem explicar nada. É um musical, que fala da transmissão oral dos cantos, através de personagens e dramas humanos. Ele não pretende exotizar – o que se vê nas telas são pessoas com seus dramas e alegrias. Mas, é claro, pessoas não existem em um vácuo. Nossos dramas humanos também são culturais, eles têm uma forma própria: aqui no Rio, na aldeia kuikuro, em Oklahoma, em Pequim, no Irã ou em qualquer lugar. É apenas preciso abrir os olhos e escutar. O problema é que o Brasil vê essas formas culturais indígenas como atraso ou com um romantismo ingênuo. Em ambos os casos, exotiza, afasta, exclui. A fita requer uma educação do olhar e do ouvir. Ela quer envolver o espectador na vida kuikuro e fazê-lo compreender esse mundo desde uma perspectiva interna e íntima.

Debate com Takumã Kuikuro

Nascido em 1983, Takumã é o filho mais velho de Samuagü Kuikuro e Tapualu Kalapalo. Ele vive, como os outros realizadores Kuikuro, na aldeia de Ipatse, na Terra Indígena do Xingu, Estado de Mato Grosso. Fascinado pela câmara de vídeo desde a primeira oficina de video em 2002, Takumã tem sido um obstinado e inspirado ‘film maker’. Agora divide seu tempo entre a câmara e as obrigações que o ligam à família da jovem esposa.

sexta-feira, 27 de setembro de 2013

Más Companhias...e Cia

As más companhias corrompem os bons costumes.


As más companhias são como um mercado de peixe; acabamos por nos acostumar ao mau cheiro.

Dizem a verdade aqueles que afirmam que as más companhias conduzem os homens à forca.

 As companhias prestam muita atenção ao custo de fazer alguma coisa. Deviam preocupar-se mais com os custos de não fazer nada.

As únicas grandes companhias que conseguirão ter êxito são aquelas que consideram os seus produtos obsoletos antes que os outros o façam.
É, sem dúvida, próprio do homem enganar-se na escolha das companhias, mas também o é não dar facilmente o braço a torcer.

Evite as más companhias: nunca ande a sós.

Na mocidade buscamos as companhias, na velhice evitamo-las: nesta idade conhecemos melhor os homens e as coisas.

A solidão liberta-nos da sujeição das companhias.

Eu apenas sinto nojo das pessoas, quando elas começam a pensar que por causa das novas companhias e roupas, serão melhores. Como se isso construísse caráter.

Em livro sobre Copacabana, jornalista alemão desmente mito da democracia racial na orla carioca: crença serve para "ofuscar" injustiças.


por Deutsche Welle — publicado 27/09/2013 03:21, última modificação 27/09/2013 04:15
                                                                                                               Rodrigo Soldon / Wikimedia Commons
O  jornalista e pesquisador Dawid Danilo Bartelt considera Copacabana um resumo do Rio de Janeiro, e o Rio, um resumo do Brasil. No livro Copacabana – Biographie eines Sehnsuchtsortes (Copacabana – Biografia de um Lugar do Desejo, em tradução livre), recém-lançado na Alemanha, o autor conta as origens de uma das praias mais famosas do mundo e traça também um instantâneo de um pedaço de areia que, segundo ele, resume o estilo de vida brasileiro. Um trecho da costa carioca onde classes e raças se misturam, seja torrando a barriga ao sol, jogando futevôlei e mesmo trabalhando pesado, na venda de mate gelado e picolé.

Diretor do escritório da Fundação Heinrich Böll no Rio de Janeiro, o alemão contesta, entretanto, a tese, muito difundida, de que na orla ocorreria, na prática, a chamada "democracia racial" brasileira. "Essa igualdade, na verdade, não existe. O fato de haver um acesso igual para todos não leva necessariamente à igualdade. As desigualdades não somem quando entramos na praia", conclui. Bartelt argumenta que o tal mito da democracia racial praiana só serve para "ofuscar as desigualdades ainda obscenas que existem no Brasil".
DW Brasil: O senhor escreveu um livro tanto contando o passado de Copacabana, quanto mostrando o que a praia e o bairro são hoje em dia e como vivem seus habitantes. Qual o fascínio que aquele trecho de orla exerce no imaginário alemão e europeu?
Dawid Danilo Bartelt: Copacabana, no âmbito cultural ocidental, provoca uma associação no mundo inteiro, tanto nos Estados Unidos, como na Alemanha e Europa em geral, com praia, calor, trópicos e erotismo. Cito no meu livro um guia turístico que afirma que sobre o Brasil flutua uma nuvem pesada de erotismo, calor, aventura e música. Essa é uma mistura de clichês, mas também os clichês trazem muita verdade. Isso tem muito a ver com a Copacabana que está no imaginário alemão.
Há quem diga que a praia é um lugar onde a tal democracia racial brasileira se realiza. O senhor rebate essa ideia
Na Europa, nós conhecemos praias em que é necessário pagar para frequentar. Os brasileiros se escandalizam com isso, com essa organização classista de praia, onde praticamente só rico entra. Isso não existe nessa forma no Brasil. E os brasileiros se orgulham desse acesso generalizado à praia. Mas essa generalidade não corresponde ao princípio da igualdade, no ponto de vista social. Aliás, o acesso é igual para todos, mas nem tanto. Quando o então governador Leonel Brizola finalmente inaugurou linhas de ônibus ligando a Zona Norte às praias da Zona Sul, houve protestos.
A igualdade, de fato, não existe. As desigualdades não somem quando entramos na praia. Dizer que há uma democracia racial na praia só serve para ofuscar as desigualdades ainda obscenas que existem no Brasil. Ofusca os conflitos sociais que existem e podem ser vistos de forma clara na praia, onde muitos estão a lazer, enquanto outros trabalham. 
Muitos alemães não entendem um lugar onde o arrojado biquíni fio dental é algo normal, enquanto o topless é proibido. A relação com o corpo dos frequentadores da praia também é um aspecto do seu livro?
Cada sociedade tem suas morais duplas. Um capítulo que escrevi sobre esta questão aborda a cultura do corpo e o culto ao corpo. Copacabana é um dos palcos principais disso no Brasil. Mas Copacabana também tem sido um lugar onde se inventaram vários esportes, como o frescobol, o jogo de peteca.
Um antropólogo francês disse, um dia, que na França a roupa serve para modelar e camuflar. No Brasil, o corpo é que veste a pessoa. A roupa acentua as formas corporais. Chamo esse princípio de "menos dois": as mulheres vestem sempre roupa dois números abaixo do seu tamanho. Como nem todos conseguem manter a forma ideal, alguns acentuam ainda mais seus defeitos, mostram as barrigas de forma absurda. E isso é proposital, os homens valorizam isso, não fica uma coisa ridícula. Faz parte do jogo erótico.
Quanto ao fio dental, me lembro que quando minha cunhada brasileira, do Rio, veio me visitar em Berlim, nos anos 90, ficou escandalizada com as pessoas que faziam nudismo e quis ir embora do lugar onde estávamos. Já nós, alemães, nos escandalizamos quando vemos o fio dental. Parece que não tem calcinha.
É uma moral dupla. Com o fio dental, a mulher está nuamente vestida. No Brasil, se a mulher tem o mamilo coberto já está vestida, embora esteja nua. Mas totalmente nua, não pode. Já com o fio dental, a bunda está nua, mas a mulher não está nua, está ainda vestida. Isso é uma coisa específica do brasileiro, que temos que aceitar.
O senhor diz acreditar que o futuro de Copacabana está no morro. Como é isso?
Talvez esteja exagerando um pouco. Mas turisticamente, socialmente não há mais um potencial de mudança no asfalto. A estrutura social do bairro não vai mudar, os velhinhos continuam em seus apartamentos pequenos, a classe média baixa também. Os ricos foram embora e não vão mais voltar. O dinamismo potencial vem agora das favelas. Elas ainda não passaram a ser um lugar de cidadania efetiva – embora sejam um território especial agora, com o evento das chamadas UPPs, que já são um avanço, uma mudança.
As favelas entraram apenas agora no imaginário do bairro. Durante mais de cem anos, elas não faziam parte de Copacabana. Eram espaços brancos nos mapas oficiais do bairro. As autoridades se queixaram, por exemplo, que elas receberam atenção demais quando foram registradas pelo Googlemaps.
Fonte: CARTA CAPITAL- http://www.cartacapital.com.br

terça-feira, 24 de setembro de 2013

"Igreja cresceu obcecada pregando contra aborto e casamento gay", condena papa

Segundo Francisco, Igreja Católica deveria ser uma “casa para todos” e não uma “capela pequena” focada na doutrina, na ortodoxia e em uma agenda de ensinamentos morais.
por Redação — publicado 19/09/2013 15:48
papa
'Temos de encontrar um novo equilíbrio ou o edifício moral da Igreja poderá cair como um castelo de cartas'
Falando em uma linguagem direta, Francisco mostrou estabelecer um novo tom para a Igreja, ao dizer que esta deveria ser uma “casa para todos” e não uma “capela pequena” focada na doutrina, na ortodoxia e em uma agenda de ensinamentos morais.
“Não é preciso falar sobre esses temas o tempo todo”, disse Jorge Mario Bergoglio ao reverendo Antonio Spadaro, jesuíta e editor chefe de La Civiltà Cattolica, publicação jesuíta cujo conteúdo é rotineiramente aprovado pelo Vaticano. “Os ensinamentos dogmáticos e morais da Igreja não são todos equivalentes. O ministério pastoral da Igreja não pode ser obcecado com a transmissão de uma multidão incoerente de doutrinas a serem impostas insistentemente.” 
De acordo com o jornal americano The New York Times, a entrevista foi conduzida em italiano ao longo de três encontros no mês de agosto na Casa Santa Marta, alojamento em que ficam os cardeais durante os conclaves.
Foi a primeira vez em que Francisco explicou os comentários que fez sobre homossexualidade em julho, a bordo de um avião, quando voltava para Roma do Rio de Janeiro, onde esteve para a Jornada Mundial da Juventude. “Se um gay procura Deus, quem sou eu para julgar?”, questionou. Na época, a frase provou polêmica e levou muitos a questionarem se ele se referia a gays no sacerdócio, mas nesta entrevista ele se fez claro ao dizer que se referia a homossexuais em geral.
“Uma vez uma pessoa me perguntou, de uma maneira provocativa, se eu aprovava a homossexualidade”, disse o papa ao padre Spadaro. “Eu respondi com outra questão: ‘Diga-me: quando Deus olha para uma pessoa, ele endossa a existência dessa pessoa com amor ou rejeita e condena essa pessoa?’ Devemos sempre considerar a pessoa.”
Além das declarações sobre a visão de Francisco em relação à homossexualidade, a entrevista também serviu apresentar um lado mais humano do pontífice, que disse amar o compositor Mozart, o escritor Fiodor Dostoevsky e o cineasta Federico Fellini, cujo seu filme favorito é La Strada.

Fonte: http://www.cartacapital.com.br

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

A HORA DOS BRUCUTUS - Mulheres são agredidas por vários PMs em protesto no Rio. E esse Sérgio Cabral ninguém pega?


PM agride Senhora Deficiente Mental no RJ 19/08/2013 (HD)

GRUPO MÍDIA NINJA NO FACEBOOK, PARTICIPEM: 
https://www.facebook.com/groups/21222...

Professores acampam em palácio de Minas. E a "imprensa" mineira com o rabinho...

Protesto pacífico na residência do governador reivindica pagamento do piso nacional.
DE BELO HORIZONTE
Professores da rede estadual de ensino de Minas Gerais completam hoje 12 dias acampados em frente ao Palácio das Mangabeiras, residência oficial do governador Antonio Anastasia (PSDB).
Instalados em barracas, os professores se revezam em grupos de 25 pessoas no acampamento do Sind-UTE, o sindicato dos trabalhadores em educação.
A categoria cobra do Executivo o pagamento do piso nacional dos professores, que é de R$ 1.567 para 40 horas semanais, e a aplicação de 25% das receitas do Estado em educação, como prevê a legislação.

O acampamento é pacífico e não houve nenhuma intervenção da polícia até o momento. A guarda do palácio monitora o protesto à distância, da guarita de segurança.
As reivindicações do movimento são antigas e já resultaram na maior greve da categoria, em 2011, quando os professores pararam 112 dias.

A coordenadora do Sind-UTE, Beatriz Cerqueira, diz que o setor decidiu evitar uma nova greve e montou o acampamento para manter a pauta de pé.
O governo de Minas contesta o sindicato e diz que que paga um valor 47,4% maior do que o piso nacional, mas proporcional a 24 horas.

O valor inclui o salário básico e os benefícios, que são chamados conjuntamente de subsídio pelo Estado. Os professores dizem que "piso não é subsídio".
O investimento de 25% das receitas em educação é cumprido, diz o governo. O Tribunal de Contas do Estado, porém, já apontou a irregularidade do Executivo e deu prazo até 2014 para ajustes.

Sobre o acampamento, o governo diz, em nota, que "reconhece e defende o direito à livre manifestação", mas que "não vê motivos" para o protesto.

terça-feira, 10 de setembro de 2013

Um jovem mascarado e seu perigoso trompete - No dia 7 de Setembro. 2013


Imagens e Edição: André Videira de Figueiredo

segunda-feira, 9 de setembro de 2013

Lenda de Chico e Caetano black blocs - Escrevendo certo com linhas tortas.

Realidade X "narrativa"

Chico não posou como black bloc. Era uma foto de 2006. Em artigo, Caetano disse não ser "anticapitalista" e disse que a foto não havia sido feita para divulgação nas redes sociais
por Lino Bocchini — publicado 08/09/2013 21:42, última modificação 09/09/2013 12:41
Caetano-chico-e-d2.jpg
Meme criado para circular no Facebook. A imagem de Chico é de 2006, e o artista foi clicado no inverno do leste europeu. Caetano, por sua vez, questionou em artigo a forma de divulgação
"Você viu que o Chico está apoiando os black blocs?". A pergunta, que ouvi neste final de semana em um almoço de família, me acendeu uma luz amarela. Dois conhecidos, muito bem informados, haviam acreditado no que viram no Facebook: uma foto de Chico Buarque, com parte do rosto coberto, no que seria um apoio ao movimento black bloc. Trata-se de um tremendo engano --ou má fé-- de quem começou a espalhar a história dessa forma.
A foto, na verdade, é um registro de João Wainer feito em Budapeste. O fotógrafo explicou o contexto da imagem: "Eu estava em Budapeste, filmando com ele, fazia um frio desgraçado, tipo -20 graus, e precisava de uma foto pra capa do DVD. Então a foto surgiu naturalmente, brinquei que essa seria uma boa capa... acabou não sendo capa do DVD, mas acabou emplacando a capa da revista Trip uns meses depois."
Nos últimos dias, circularam também fotos de Caetano Veloso e Marcelo D2 posando como black blocs. A de D2 era um claro endosso ao movimento. Foi postada por ele próprio em sua página oficial do Facebook, na sexta-feira 6 de setembro, em apoio aos movimentos do dia seguinte.
A foto de Caetano foi um registro feito no apartamento do Fora do Eixo no Rio de Janeiro (sede do Midia Ninja na cidade) em meio a um episódio que o próprio artista expôs em um artigo no jornal O Globo deste domingo: "eles me pediram para posar com uma camiseta preta atada ao rosto para eles mostrarem a Emma [moça que apareceu como black bloc em uma capa da Veja], que, segundo eles, gostou do meu texto sobre ela. Agora vejo aqui que eles puseram a foto na rede...". O artista termina afirmando que não é anticapitalista --uma das bandeiras black blocs.
Este episódio do "apoio" dos artistas aos black blocs é o mais novo exemplo de que:
1) O Facebook tem muito, mas MUITO mais poder do que deveria. Além das milhões de pessoas alcançadas na própria rede, veículos da mídia tradicional se pautam pelo site de Mark Zuckerberg sem pensar duas vezes;
2) Você não deveria acreditar em tudo o que vê no Facebook. Não mesmo. Todos somos produtores de conteúdo e, ok, isso é ótimo. De verdade. Mas com isso vem alguma responsabilidade. Cada "like" ou "compartilhar" que você dá tem algum alcance e influência, por menor que seja a sua rede de "amigos" virtuais. Pense duas, três, dez vezes antes de acreditar naquilo que viu. Mesmo que tenha sido postado por um parente, um amigo do peito ou por um grupo "bacana";
3) Em casos assim, sempre tem alguém ou algum grupo que se beneficia. Conceitos como "criação de narrativas", "guerra de memes" ou "disputa de versões" soam bem e são supostamente modernos. Só que, na prática, não raro a realidade fica em segundo plano. Fotos e historinhas bem escritas, tendo ou não suporte na vida real, alcançam rapidamente milhares de pessoas e são criadas deliberadamente para te manipular. Abra o olho.
Da Carta Capital - 

sexta-feira, 6 de setembro de 2013

DILMA ESTÁ EM DÍVIDA COM SNOWDEN

Ela deve informações preciosas ao jovem ativista a quem não ofereceu asilo

Por Paulo Nogueira, no DCM - Diário do Centro do Mundo, de 03/09/2013 

Oliver Stone, o cineasta, lamentou há pouco tempo no twitter, a ausência de Lula no comando do Brasil.

Ele criticava Dilma por não haver oferecido asilo a Snowden. Maduro e Correa, por exemplo, se apressaram em abrir as portas a Snowden, ainda que num gesto mais simbólico que prático, dado o cerco americano ao jovem que denunciou o ubíquo esquema de espionagem de Washington.

Stone estava certo.

A maior prova disso reside na reação justificadamente enraivecida de Dilma ao saber que foi objeto de espionagem especial.

Não fosse Snowden, não saberíamos de nada. Dilma continuaria a oferecer aos Estados Unidos uma deferência obsequiosa que, fora do campo da retórica vazia, claramente não encontra correspondência.

Snowden sacrificou seu futuro em nome de uma causa grandiosa. Morava no Havaí com uma namorada linda, tinha um bom salário e levava aquela vida que costumamos definir como próxima do ideal.

Hoje é caçado. Se for apanhado pelos americanos, pode-se imaginar o que o aguarda pela sentença de Manning – 35 anos de prisão.

O crime, aspas, de Snowden foi revelar um crime, sem aspas, dos Estados Unidos.

Dilma, como mostrou a reportagem de Glenn Greenwald no Fantástico feita com material de Snowden, foi vítima desse crime.

O homem a quem deve uma informação tão importante não mereceu uma retribuição – ainda que simbólica, repito – no momento em que buscava um teto.

Não há, agora, o que ela possa fazer quanto a isso.

Mas pode, pelo menos, aprender uma lição preciosa.

Sugerido por: EVIDENTEMENTE - http://blogdejadson.blogspot.com.br/

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Folha de São Paulo: Médicos cubanos atuarão num Brasil do século passado

FELIPE BÄCHTOLD
DE PORTO ALEGRE
LUCAS REIS
DE MANAUS - 04/09/2013 - 03h50

Ouvir o texto Os 206 municípios que receberão os primeiros profissionais de Cuba vivem realidade próxima à do Brasil do final do século passado. 

 Esses municípios --ontem, o governo informou que 91% dos 400 cubanos que já chegaram irão para o Norte e o Nordeste-- têm indicadores socioeconômicos abaixo da média nacional do ano 2000. 


 Na Bahia, consultório médico só tem mesa e três cadeiras Em renda, são ultrapassados até pela média aferida em 1991, segundo dados do IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), da ONU. 


 São cidades com limitações orçamentárias, geralmente distantes de metrópoles e com grande população na área rural. Integram um total de 701 municípios que devem receber os médicos de Cuba até o final deste ano.  


Somadas, essas centenas de cidades abrigam 11 milhões de pessoas, ou 5% da população brasileira. Um retrato da precariedade é o índice de mortalidade infantil. Enquanto o país conseguiu reduzir suas taxas em 50% na última década, no grupo de 701 cidades o nível segue próximo da média nacional do ano 2000.

 São locais como Ipixuna (AM), de 22 mil habitantes, que tem o 12º pior IDH do país. "A cidade é isolada. É um sacrifício enorme atrair médicos", diz o secretário de Saúde, Rogério Araújo.

 LEILÃO No interior baiano, a estrutura à espera dos cubanos em unidades visitadas pela reportagem conta com poucos recursos, além de estetoscópios.

 O sanitarista Carlos Trindade, diretor da Fundação Estatal de Saúde da Bahia, diz que as cidades pequenas vivem uma "competição predatória" por profissionais.

 Não têm recursos para atrair equipes ou são preteridas porque prefeituras vizinhas oferecem ilegalmente carga horária flexível.

 Estado com a pior proporção de médicos do país, o Maranhão é o terceiro com mais cidades entre as 701 que devem receber cubanos --atrás de Piauí e Bahia (veja quadro). O Estado tem 0,5 médico para cada mil habitantes --o mesmo índice do Iraque.

 O presidente do Conselho Regional de Medicina maranhense, Abdon Murad, diz que faltam "condições de fazer medicina" no interior. "Não tem laboratório, raio-x, ultrassom, equipe de saúde. Como vai resolve
r?"


Fonte: http://www1.folha.uol.com.br

Entrevista com Gianni Carta

Lino Bocchini e Matheus Pichonelli, do site de CartaCapital, falaram com o autor do livro "Garibaldi na América do Sul", que será lançado nesta quarta em SP