quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

O povo Yanomami está contaminado por mercúrio do garimpo

Estudo inédito da Fiocruz e do ISA aponta presença de altos níveis de mercúrio em habitantes da Terra Indígena Yanomami.
Do ISA

Viver em um território que tenha em seu subsolo grandes reservas de ouro pode parecer uma benção e um sinônimo de riqueza. Infelizmente, para os Yanomami, esta situação tem sido a sua maior maldição. Um 
estudorecente conduzido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em parceria com o Instituto Socioambiental (ISA), mostra que a contínua invasão ilegal de garimpeiros em seu território tem trazido graves consequências: algumas aldeias chegam a ter 92% das pessoas examinadas contaminadas por mercúrio.
São muitos os garimpeiros que trabalham ilegalmente em nossos rios e além do desastre ambiental e social que causam, nós desconfiamos que nosso povo está sendo envenenado com o mercúrio utilizado pelos garimpeiros (Davi Kopenawa Yanomami, março de 2013)
Atendendo ao pedido da Hutukara Associação Yanomami (HAY) e da Associação do Povo Ye’kwana do Brasil (Apyb), uma equipe de pesquisa visitou 19 aldeias, em novembro de 2014. Foram coletadas 239 amostras de cabelo, priorizando os grupos mais vulneráveis à contaminação: crianças, mulheres em idade reprodutiva e adultos com algum histórico de contato direto com a atividade garimpeira. Também foram coletadas 35 amostras de peixes que são parte fundamental da dieta alimentar destes índios. O estudo foi realizado nas regiões de Papiú e Waikás, onde residem as etnias Yanomami e Ye’kwana.
O caso mais alarmante foi o da comunidade Yanomami de Aracaçá, na região de Waikás, onde 92% do total das amostras apresentaram alto índice de contaminação. Esta comunidade, entre todas as pesquisadas, é a que tem o garimpo mais próximo. Já na região do Papiú, onde foram registrados os menores índices de contaminação — 6,7% das amostras analisadas — a presença garimpeira é menos acentuada.

Como se dá a contaminação por mercúrio

O uso do mercúrio faz parte do processo tradicional utilizado no garimpo para viabilizar a separação do ouro dos demais sedimentos. Uma parte dele é
despejada nos rios e igarapés e a outra é lançada na atmosfera. Uma vez na atmosfera, ele acaba caindo nas proximidades das áreas de exploração. As águas dos rios e os peixes que ingerem o mercúrio podem levá-lo para regiões mais distantes. A contaminação de seres humanos se dá especialmente através da ingestão de peixes contaminados, sobretudo os carnívoros e de tamanho maior.

Os efeitos do mercúrio

O mercúrio é um metal altamente tóxico e seus danos costumam ser graves e permanentes: alterações diretas no sistema nervoso central, causando problemas de ordem cognitiva e motora, perda de visão, doenças cardíacas entre outras debilidades. Nas mulheres gestantes, os danos são ainda mais graves, pois o mercúrio atinge o feto, causando deformações irrecuperáveis.

Garimpo na Terra Indígena Yanomami

O garimpo já deixou marcas profundas no povo e no território Yanomami. Entre 1986 e 1990, estima-se que 20% da população (1.800 pessoas) morreu em função de doenças e violências causadas por 45 mil garimpeiros que invadiram suas terras.
A invasão e a tensão crescente do garimpo culminaram, nos anos de 1990, em um episódio de grande repercussão mundial por sua barbárie. Em julho de 1993, garimpeiros invadiram uma aldeia Yanomami e assassinaram a tiros e golpes de facão 16 indígenas, entre eles idosos, mulheres e crianças. Conhecido como o Massacre de Haximu, foi o primeiro caso julgado pela Justiça brasileira no qual os réus foram condenados por genocídio.
Assista abaixo ao vídeo “Davi contra Golias”, produzido pelo Centro Ecumênico de Documentação e Informação (Cedi), no qual Davi Kopenawa fala do Massacre do Haximu.
O garimpo continua sendo uma ameaça à vida dos Yanomami e Ye’kwana. Desde 2014, a invasão de seus territórios por garimpeiros cresce assustadoramente. Hoje, estima-se que cinco mil garimpeiros atuam ilegalmente na Terra Indígena Yanomami. As diversas denúncias feitas pelos índios não têm resultado em ações efetivas dos órgãos governamentais responsáveis. Se nada for feito de concreto, um novo Haximu pode estar a caminho.
Para acabar com o garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami é preciso que se descubra os seus financiadores, que são os que realmente lucram e sustentam esta atividade. É preciso descobrir a rota do ouro, ou seja, por onde passa e qual seu destino final.
Neste sentido, a Polícia Federal realizou duas operações que levantaram apenas a beira do manto que encobre esta atividade ilegal: a operação Xawara, em 2012, e a operação Warari Koxi, em 2015. Além de descobrirem alguns comerciantes e donos de avião em Roraima, também descobriram que o ouro chega a uma Distribuidora de Valores e Títulos Imobiliários (DTVM), na Avenida Paulista, na cidade de São Paulo. Fica o alerta: o ouro comercializado nos grandes centros financeiros do Brasil pode carregar com ele o sofrimento do povo Yanomami.

Balsa de garimpo no Rio Uraricoera, Terra Indígena Yanomami, dezembro de 2015. Foto: Guilherme Gnipper | FUNAI

Aspectos éticos da pesquisa

As coletas feitas em novembro de 2014 foram precedidas por consultas aos indígenas, que autorizaram a retirada de amostras de seus cabelos, com a condição de que após a análise elas seriam devolvidas. Este pedido se deve à obrigação de que, para os Yanomami, todos os pertences e partes corporais devem ser cremados após a morte. É também uma precaução adotada depois que tiveram conhecimento do caso de roubo de seu sangue por pesquisadores norte-americanos na década de 1970.
Tanto as consultas para autorização quanto a apresentação dos resultados foram feitas em língua indígena, com o auxílio de intérpretes e material explicativo bilíngue, visando garantir a compreensão por parte de todos os envolvidos na pesquisa.
Yanomami recebe de volta seu cabelo. Foto: Marcos Wesley/ISA, 2016

Entrega para o poder público

Uma comitiva formada por lideranças Yanomami e Ye’kwana, e representantes da Fiocruz e do ISA, foram à Brasília, em março de 2016, para divulgar o diagnóstico junto aos órgãos responsáveis. A comitiva entregou cópias às Presidências da Funai e do Ibama, ao coordenador da Secretaria Especial de Saúde Indígena, ao Ministério Público Federal e à Relatora Especial sobre Direitos Indígenas da ONU, que estava em visita ao Brasil. As lideranças indígenas também exigiram a retirada imediata dos garimpeiros da Terra Indígena Yanomami e um atendimento especial em saúde para as pessoas que estão contaminadas.

Cláudia Cruz e Eduardo Cunha ficam frente a frente com Sérgio Moro.






quarta-feira, 18 de janeiro de 2017

Os 8 bilionários que têm juntos mais dinheiro que a metade mais pobre do mundo

  • 16 janeiro 2017

Oito homens mais ricos do mundoDireito de imagemWIKIMEDIA COMMONS
Image captionDa esquerda para a direita, o clube dos homens mais ricos do mundo: Bill Gates, Amancio Ortega, Warren Buffett, Carlos Slim, Jeff Bezos, Mark Zuckerberg, Larry Ellison e Michael Bloomberg

Os oito homens mais ricos do mundo possuem tanta riqueza quanto as 3,6 bilhões de pessoas que compõem a metade mais pobre do planeta, segundo a ONG britânica Oxfam.
A organização de assistência social afirmou que a comparação, questionada por críticos, é resultado de uma coleta mais precisa de dados, e que o fosso entre ricos e pobres se revelou "bem maior do que temia".
A divulgação do relatório da ONG coincide com o início do Fórum Econômico Mundial, em Davos, na Suíça.
Mark Littlewood, do centro de estudos londrino Institute of Economic Affairs, disse que a Oxfam deveria se concentrar em sugestões para elevar o crescimento.
"Como uma organização 'antipobreza', a Oxfam parece estranhamente preocupada com os ricos", afirmou o diretor-geral do centro de estudos, conhecido pela defesa da economia de mercado.

IateDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionGrandes iates são peças de consumo recorrentes entre bilionários do planeta

Ben Southwood, chefe de pesquisa do Adam Smith Institute, outro centro de estudos de tendência conservadora, disse que não é o poder aquisitivo dos ricos que importa, mas o bem-estar dos pobres, que estaria aumentando a cada ano.
"Todo ano somos induzidos a erro pelas estatísticas de riqueza da Oxfam. Os dados são ok - vêm do (banco) Credit Suisse - mas a interpretação não é", afirmou.

'Encontro de elite'

O evento anual em Davos, um resort de esqui na Suíça, atrai muitos líderes políticos e empresários globais.
Katy Wright, chefe de assuntos globais da Oxfam, afirmou que o relatório ajuda a organização a "desafiar as elites econômicas e políticas".
"Não nos iludimos e sabemos que Davos nada mais é do que um mercado de palestras para a elite mundial, mas tentamos usar esse foco", acrescentou.


BilionáriosDireito de imagemBBC/WIKIMEDIA COMMONS

Os oito bilionários mais ricos do mundo

1. Bill Gates (EUA): cofundador da Microsoft - US$ 75 bilhões
2. Amancio Ortega (Espanha): fundador da Inditex, da Zara - US$ 67 bilhões
3. Warren Buffett (EIA): maior acionista da Berkshire Hathaway - US$ 60,8 bilhões
4. Carlos Slim Helu (México): dono do Grupo Carso - US$ 50 bilhões
5. Jeff Bezos (EUA): fundador e principal executivo da Amazon - US$ 45,2 bilhões
6. Mark Zuckerberg (EUA): cofundador e principal executivo do Facebook - US$ 44,6 bilhões
7. Larry Ellison (EUA): cofundador e principal executivo da Oracle - US$ 43,6 bilhões
8. Michael Bloomberg (EUA): cofundador da Bloomberg LP - US$ 40 bilhões
Fonte: Revista Forbes, março de 2016

O economista britânico Gerard Lyons afirmou que o foco na riqueza extrema "nem sempre mostra toda a situação" e que deveriam haver esforços para "garantir que o bolo econômico esteja crescendo".
Contudo, ele disse considerar que a Oxfam está certa ao destacar companhias que podem estar alimentando a desigualdade com modelos de negócio "focados em gerar lucros cada vez maiores para donos ricos e executivos de ponta".
Wright, da Oxfam, afirmou que a desigualdade econômica está dando combustível para uma polarização na política, citando como exemplos a eleição de Donald Trump nos EUA e a saída do Reino Unido da União Europeia.
'Fatia justa'
"As pessoas estão insatisfeitas e cobrando alternativas. Sentem-se deixadas para trás porque não trabalham duro e não conseguem aproveitar o crescimento do país", disse a diretora da ONG.
A Oxfam defende uma "economia mais humana", e pressiona governos a combater a evasão fiscal e os lucros excessivos de executivos, com maior taxação da riqueza.
Também reivindica que líderes empresariais paguem "uma fatia justa de impostos" e ofereçam a seus funcionários quantias superiores aos salários mínimos dos países.
A ONG britânica produziu relatórios semelhantes nos últimos quatro anos. Em 2016, calculou que as 62 pessoas mais ricas do mundo detinham tanta riqueza quanto a metade mais pobre da população da Terra.
O número caiu para apenas oito neste ano porque há dados mais precisos, afirmou a Oxfam.
E ainda vale a afirmação, segundo a organização, de que a riqueza acumulada pelo 1% mais abastado da população mundial equivale à riqueza dos 99% restantes.

Mark Zuckerberg e Priscilla ChanDireito de imagemGETTY IMAGES
Image captionO cofundador do Facebook Mark Zuckerberg e sua mulher, Priscilla Chan

Alguns dos bilionários da lista já doaram boa parte de suas fortunas. Em 2000, Bill Gates e sua mulher, Melinda, criaram uma fundação privada que já distribuiu mais de US$ 44 bilhões.
Em 2015, Mark Zuckerberg e sua mulher, Priscilla Chan, prometeram doar 99% de sua riqueza ao longo de suas vidas, o que equivalia à época a US$ 45 bilhões.
É preciso ter renda e ativos estimados em US$ 71,6 mil (cerca de R$ 229 mil) para alcançar os 10% mais ricos do mundo, e US$ 744,3 mil (cerca de R$ 2,3 milhões) para figurar entre o 1% mais abastado.
O relatório da Oxfam é baseado em dados da revista de negócios Forbes e em um relatório do banco Credit Suisse sobre distribuição da riqueza global desde o ano 2000.
A pesquisa usa o valor dos ativos, principalmente bens e terras, menos dívidas, para determinar as "posses" das pessoas em questão. Os dados excluem salários e rendimentos.
A metodologia foi criticada por considerar, por exemplo, que um estudante com muitas dívidas mas grande potencial de ganhos no futuro seja pobre.

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Mantras para o ano de 2017

Mantras para o ano de 2017 do numerólogo Gilson Chveid Oen.

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Obrigada por assistir.
Somos Muito Felizes 2017