segunda-feira, 27 de janeiro de 2014

Os adolescentes indígenas e a cultura.

 (c/ Claudemir Monteiro)PDFImprimirE-mail
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Na vida dos povos indígenas a faixa etária infanto-juvenil é a mais importante. É nessa etapa que adolescentes e jovens (meninos e meninas) começam a definir melhor os seus papeis dentro da etnia.Percebem a importância da manutenção da vida do povo, seus elementos culturais e a definição do grupo ao qual pertencem.

É exatamente nesse período que eles participam do processo de iniciação, cada qual dentro da cultura a que pertence. Depois do rito de iniciação, adolescentes e jovens passam a ser homens e mulheres prontos para dar continuidade às novas gerações.

O aumento intensivo da relação de nossa sociedade nacional, frente a esse povos, compromete a vida desses jovens com novos valores afetando em cheio as culturas indígenas, transformando-as.

Os jovens, sobretudo, são os maiores captadores desses novos valores e trazem para dentro da aldeia, por exemplo, o novo corte de cabelo ou pintura do mesmo. A roupa incrementada que os jovens brancos usam também influencia na vida desses jovens índios. Porém o principal são as idéias: a idéia de falar diferente, de dançar diferente, substituindo a própria cultura.

Não é raro o conflito de idéias e costumes entre jovens e velhos índios nas aldeias.Nesse sentido, os mais velhos são portadores da cultura e guardiões dela. Mas se os jovens índios de hoje não conseguem assimilar a própria cultura, como se dará a continuidade desta na vida desses povos?

Outros fatores da política pública também faltam para essa faixa, principalmente no que se refere à educação indígena diferenciada.Os modelos de educação muito pouco tem utilizado o currículo e calendário próprios da cultura indígena.Muitos aspectos da educação são trazidos de fora para dentro da aldeia, ou seja, o formato do ensino, de cursos de formação de professores e programação.

Muitos jovens indígenas, que deveriam estudar na aldeia, buscam inclusão na cidade, uma vez que o sistema de ensino não permite a formação integral na aldeia em que vivem. Outros problemas advêm da própria convivência na cidade, como o alcoolismo que desde cedo atinge esses adolescentes e jovens indígenas, além da prostituição, sobretudo das meninas, principalmente nas áreas de garimpo.

É necessário pensar formas de ajudar os povos indígenas na formação dos seus jovens, sobretudo na área da educação e cultura. Assim como nossa sociedade influencia esses povos para um desvio cultural por meio das influencias dos meios de comunicação, modas e anti-valores, deveríamos pagar essa dívida ajudando esses povos e essa faixa etária a valorizar suas próprias cultu


Claudemir Monteiro 
Conselho Indigenista Mission?rio (CIMI)