terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Prefeitura de Contagem censura marchinhas de Carnaval.

Concurso promovido pelo Executivo veta manifestações sobre órgãos e entidades públicas.


PUBLICADO EM 11/02/14 - 04h00

Músicas com críticas político-sociais vão ficar de fora do concurso de marchinhas promovido pela Fundação de Cultura de Contagem (Fundac), na região metropolitana, para resgatar o pré-Carnaval da cidade. O texto do 1° Edital Carnavalesco, evento que prevê ajuda de custo de R$ 1.000 para dez blocos da cidade que se inscreverem até a próxima sexta-feira, prevê que a temática da competição “será livre, porém está proibida qualquer tipo de manifestação de desapreço a órgão ou entidade da Administração Pública Direta e Indireta, a grupo social, organizações, pessoas físicas e instituições privadas”.

Membro do Maria Baderna, bloco que sai às ruas independentemente do apoio do poder público, Marcelo Dias Costa não vê sentido na restrição e ressalta que “a marchinha tem na sua origem a crítica e a sátira, que incluem humor e irreverência”. Segundo ele, os participantes não concordaram com a forma usada para estabelecer a valorização da festa.
“Não concordamos com a política de falso resgate da fundação de cultura. Eles tomaram as decisões de cima para baixo, sem diálogo com a população”, afirmou Costa. O bloco já conta com cerca de 50 participantes.
Outro grupo que não pretende se inscrever é o Butequeiros”. Membro do bloco, Rafael Mendes avalia que a forma como a prefeitura fez o texto deixou o Carnaval muito institucionalizado. “Somos um grupo de amigos que há três anos sai para as ruas de Contagem para brincar. Não queremos institucionalizar esta festa”, contou.
Questionada pela reportagem, a Fundac informou que todos os itens do edital do concurso foram estabelecidos em conjunto com os representantes dos blocos e da Fundac, e com demais pessoas ligadas ao Carnaval. “A proposta não é um concurso, é um incentivo da prefeitura para resgatar esta tradição”, argumentou a presidente Renata Lima.
Para o sociólogo João Batista, professor aposentado da Universidade Federal de Minas Gerais, a proibição fere a liberdade de expressão. “Até porque é a oportunidade de a sociedade fazer críticas, muitas vezes trabalhando com o humor. Como o Carnaval é uma manifestação cultural popular, as pessoas devem se manifestar de forma livre, sempre respeitando o direito do outro, claro.”
Cadastrados na prefeitura, os blocos Gato da Madrugada – fundado por alunos da Escola Estadual Maria Coutinho e da Fundação de Ensino de Contagem – e Funekeiros se juntaram e organizaram o Se Eu Fosse Você. João Paulo Nascimento, um dos fundadores do Gato da Madrugada, espera até 600 pessoas no desfile. “Para propagar a diversidade sexual, estamos convidando os homens a se vestirem de mulher e as mulheres, de homem”, contou.
Serviço. Os grupos desfilam no próximo sábado, em evento denominado Meu Bloco na Rua. Os locais de concentração são definidos por cada bloco, mas o destino é o mesmo – a praça da Glória, no bairro Eldorado, a partir das 18h. O show de encerramento, com a banda Pura Harmonia, e a premiação do concurso vão ocorrer no mesmo local. O primeiro lugar vai receber R$ 3.000. Segundo e terceiro colocados também serão premiados, com R$ 2.000 e R$ 1.000, respectivamente.
Ensaios em BH
Até o próximo dia 1°, blocos de rua que vão desfilar no Carnaval deste ano em Belo Horizonte poderão ensaiar no espaço localizado na avenida Cristiano Machado, 3.450, no bairro União, na região Nordeste de Belo Horizonte, conforme informou ontem a Empresa Municipal de Turismo de Belo Horizonte (Belotur). Interessados

em utilizar o espaço devem fazer o agendamento pelo e-mail eventos.belotur@pbh.gov.br, com cópia para diretoria.belotur@pbh.gov.br, com o assunto “Ensaio Blocos de Rua”. Após receber a confirmação da Belotur, o responsável pelo bloco deve ir à sede do órgão para assinar um termo de compromisso. Os ensaios podem acontecer às quintas-feiras e sextas-feiras, das 18h às 22h, e aos sábados e domingos, das 14h às 18h.
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COMENTÁRIOS 

Tobias<br />Santos<br />Teixeira
Tobias
Santos
Teixeira
Você deixou subentendido em sua mensagem, Claudio, que falta bom senso. Realmente, eu estive na tal reunião, e reintero que falta qualquer senso.
Responder -  - 0 - 11:54 PM Feb 16, 2014
Christiane<br />Castro
Christiane
Castro
Achei ainda um absurdo copiarem a música "Quero botar meu bloco na rua" do Sérgio Sampaio para darem nome à essa bestialidade. "Quando Sérgio Sampaio ecoava em alto e bom som que queria “botar o bloco na rua”, ele na verdade estava querendo se impor. Na época, o exército levava tropas para as ruas, como meio de demonstrar a força para os cidadãos. Sérgio também queria colocar a sua tropa (bloco), com uma grande diferença de objetivos. O bloco de Sérgio Sampaio queria “um quilo mais daquilo” e “um grilo menos disso” e chama todo mundo para esse carnaval. O Durango Kid, que aparece na letra da canção, é uma metáfora para militares, no caso, o inimigo que impedia o bloco de ser “botado” na rua. A primeira parte da letra remete ao sentimento que os militares tinham por qualquer cidadão. Que todos sentiam medo quando tinham as disputas nas ruas e que todos iriam se calar diante da brutalidade. A segunda parte é o hino de Sérgio Sampaio, a real vontade do brasileiro da época, que era ir para a rua e dizer tudo o que estava engasgado na garganta". fonte: http://musicasbrasileiras.wordpress.com/2013/04/07/eu-quero-e-botar-meu-bloco-na-rua-sergio-sampaio/
Responder -  - 0 - 3:41 PM Feb 14, 2014



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