
Em meados do século passado, um missionário belga, Placide Tempels, bebeu na sabedoria ancestral dos africanos da África do Sul e resolveu construir uma nova filosofia, baseada nos ensinamentos da religião Bantu.
Nasceu, assim, o Ubuntu.
Toda sua concepção gira em torno da ideia do ser como força.
Tempels percebeu que os bantu se relacionavam com outros
seres, animados ou inanimados, com a intenção de fortalecer sua vida ou
diminuir a força vital do inimigo. Para ele, o ser é sempre dinâmico, é uma
exteriorização de energia e está sempre em relação ativa com a vida.
A ideia de que toda a energia demanda do povo, da
solidariedade com o semelhante, esculpiu
os três princípios centrais de Ubuntu.
Todas as pessoas são valiosas em si mesmas, motivo
pelo qual ninguém pode ser considerado como inútil na sociedade;
Se todas as pessoas são valiosas em si mesmas, segue-se que
são sujeitos, isto é, agentes que podem e devem incidir na sociedade na
qual vivem;
Os sujeitos são como tais pela relação intrínseca e
imprescindível que têm com os outros lato sensu, daí a intersubjetividade
inerente e constitutiva das pessoas.
"Na
perspectiva do Ubuntu, negligenciar o Outro é, desumanizar-se. Urge,
pois, sair ao encontro desse Outro, reconhecê-lo e construir com ele uma
solidariedade afetiva, calorosa, como a própria etimologia da ética
indica", como
explica o filósofoa africano Jean Bosco Kakozi Kashindi, em evento na Unisinos.
A foto de baixo é da multidão aclamando Lula no seu último
dia de liberdade, de autoria do jovem Francisco Proner Ramos. A foto de cima é
ilustrativa do Ubuntu.
Deus escreve certo pelas lentes milagrosas de um menino
lindo como a luz do novo dia que nascerá.