segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Cuba vai bem, obrigado


Estamos bien”. Esta frase estampa alguns outdoors espalhados por Havana. Acompanhando os dizeres, há uma imagem do rosto de Fidel Castro, numa clara referencia não apenas sobre como vai a ilha, mas também a saúde do presidente afastado.

Logo na primeira “aventura” por aqui, entramos em um ônibus coletivo no qual podíamos escutar uma das muitas belas canções locais. O nome da música e o do grupo fico devendo. Do ritmo, não me esquecerei tão cedo. O coletivo estava abarrotado de gente, mas isso em nada incomodava, já que o som ambiente e a experiência compensavam tudo. Eis que, de repente, entra um grupo de jovens, entre moças e rapazes. Embalados pela música, que deve ser um grande sucesso por aqui, eles começam a cantar e dançar, produzindo uma cena belíssima. Outras pessoas no ônibus não se arriscaram a entrar no ritmo, mas acompanharam os jovens na interpretação. Logo, havia dezenas de pessoas cantando.
Árvores até no teto A passagem acima reflete a definição dada ao povo deste país por uma cubana que conhecemos. Seu nome não poderia ser mais sugestivo (dois pontos) Chela. “Se escreve assim (dois pontos) é Che mais la, um nome lindo de que me orgulho muito”, explicou a quase cinquentenária, nascida poucos meses após a revolução. Para ela, os cubanos são um povo cantante, e são assim porque são alegres. Questionada sobre se tudo na vida do povo daqui é motivo para cantar e dançar, ela foi bastante sincera (dois pontos) “Não vou esconder que temos problemas. Os temos sim, mas as coisas boas superam em muito. Aqui, não há fome. Os cubanos comem bem, por isso há muitos gordos (explicou sorrindo, apontando para si mesma). Além disso, é um país muito lindo, com uma gente culta, que le muito, disse. Para quem desconhece, o analfabetismo aqui é zero.
Música de graça no meio da praça Quanto aos problemas que acometem o país, chama atenção, confesso que com um enorme pesar de minha parte, a forma como governo e população mencionam o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos. Na auto-estrada que liga Havana a Guanao, uma cidade litorânea a pouco mais de uma hora e meia da capital, dois outdoors não fazem cena com relação aos efeitos dessa sanção sobre o país. Um deles dizia (dois pontos) “Cada duas horas de bloqueio equivalem a todas as máquinas de braile de que os cegos do país necessitam”. O outro afirmava (dois pontos) “Cada três dias de bloqueio equivalem a todos os cadernos, lápis e canetas de que os estudantes precisam”. Quem não se sensibiliza ao ler isso não é dos meus. Fim do bloqueio já!

Direto de Havana,
Orozimbo Souza Júnior